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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Escola Ecilda Alves Paim

Inaugurada no Alegrete pelo então Governador do Estado Jair Soares em dezembro de 1985 a Escola Estadual de Ensino Fundamental Ecilda Alves Paim

Foto de Vovó Sinhá ao fundo

Placa de inauguração

Primo Kiko com a bandeira da Escola

Galpão da Escola

Fachada da Escola

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Bisavó Materna

Bisavó materna Maria Alves Paim


terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

China Assinalada

Cortesia da prima Jurema.


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

O Mistério Continua...

Disparada a nossa postagem mais acessada, A Cronologia do Tronco e seus Descendentes ainda gera dúvidas...

Em primeira mão, cortesia da prima Hebe, as certidões de nascimento de Tia Ecilda e Tio Marcirinho, ambos constantes como nascidos em 14 de abril de 1937.

E agora? Seriam gêmeos???



sábado, 22 de fevereiro de 2014

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

No casamento da Tia Madalena

Outra foto rara, no casamento da Tia Madalena. Tio Alfeu Cavalheiro, Tia Therezinha, e possivelmente Tio Marcirinho.
 

Documentos do Tio Ulysses

Houve algumas dúvidas na postagem da Cronologia do Tronco, especialmente nas datas de nascimento de alguns tios. Com a contribuição do primo Bira, abaixo estão dois documentos do Tio Ulysses, comprovando a data de nascimento para 24 de dezembro de 1921.
 

 

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Tia Therezinha

Com primo Tony, no primeiro encontro em 1992

Casamento com tio Alfeu Cavalheiro

Com tio Alfeu Cavalheiro

Encontro de Irmãos

Foto histórica. Em pé: Tios Cely, Ulysses, Amélia, Delmar, Cecy e Therezinha (detalhe para os uniformes militares dos tios Ulysses e Delmar). Sentados: Tia Carminha e Tio Vicente



Vamos confirmar presença!


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Primórdios da Ponte Internacional - POST 27

Provavelmente muito próximo da sua inauguração, a imagem mostra um panorama do trevo de acesso à Argentina bem diferente do atual: não havia o cercamento, e nem os limites atuais do Tênis Club Rio Branco. A construção em primeiro plano parece ser as instalações da Aduana Brasileira.

Ponte Internacional, data desconhecida

Biblioteca Pública Municipal Luiz Guilherme de Prado Veppo - POST 26

Residência construída em estilo veneziano pelo estancieiro Urbano José Villela na segunda metade do século XIX. Em 2007 foi adquirida pela Prefeitura Municipal de Uruguaiana, que a restaurou e transformou em Biblioteca Pública.

Fonte: Portal Uruguaiana

Câmara Municipal de Uruguaiana - POST 25

Prédio construido em estilo neo-romano no ano de 1927, na gestão do Intendente Municipal João Arregui. Serviu como subintendência. Assistência Pública,Chefatura de Policia e Presídio.

Carinhosamente (jocosamente?) conhecido como "goiabão".


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Parque Agrícola e Pastoril - POST 24

Inaugurado em 03 de outubro de 1943 com muita pompa e contou com a presença de diversas autoridades como o Presidente da Republica, Getulio Dornelles Vargas, o Ministro do Exterior Osvaldo Aranha e o Embaixador Batista Luzardo, entre outras.

Palco da fase áurea da Califórnia da Canção Nativa e da cidade de lona, é local de inúmeras feiras e festas campeiras. Localizado na BR472, na saída para Itaqui.

Fonte: Portal Uruguaiana

Fonte: Portal Uruguaiana

Os gatos pretos


Conta a história que, estando estabelecidos na fazenda Cambará, entre Livramento e Quaraí, a família Pa(h)im Brit(t)es deparou-se com dezenas de gatos, todos eles pretos, cerca de 200.

À noite, nas campereadas, era possível observar-se dezenas de brilhantes pares de olhos, ofuscados pela luz das lanternas.

Em época de cio, a "gritaria" era generalizada, incomodando os moradores.

Conta-se que ao final dos dias, carneava-se uma ovelha, que era limpa e armazenada em ganchos dispostos em um galpão, destinado à este fim, para descansar, arejar e prover a carne do dia seguinte.

Pois então, os malditos gatos, famintos, adentravam pelas frestas do telhado, e faziam o ataque, restando somente os ossos pendurados para a alimentação do dia seguinte.

Foi a gota d'água. Vovô Marcírio, na madrugada, reuniu os empregados, que, armados de paus e armas de fogo, fizeram o que tinha que ser feito, eliminando a gritaria e os ladrões sorrateiros da madrugada...

* narra o episódio, Tio Alfeu

A História de Vô Marcírio

Já publicamos parte da história da família AQUI e AQUI, sob outros ângulos. Hoje, contaremos um pouco do histórico de vovô Marcírio, antes do casamento com vovó Ecilda "Sinhá". O texto é adaptado de depoimentos colhidos com tio Alfeu.


O Início

Marcírio Borges Brittes (que assinava sem o Borges e somente um "T" por escolha própria), filho do Tenente-Coronel do exército paraguaio Salustiano e de Amélia, nasceu na localidade de Capela do Ipané (interior de Uruguaiana - João Arregui) em 1896.

Os pais de Marcírio, nossos bisavós, compraram 1/2 quarteirão de terras na cidade de Alegrete, localizadas próximo onde hoje se encontra o cemitério da cidade.

Com o passar dos anos, os negócios não iam bem e a família, formada por numerosos filhos, ficou empobrecida.

Pais e família de vô Marcírio

Tempos difíceis

O Tenente-Coronel Salustiano, reformado e incapaz de exercer quaisquer outras atividades que não as militares após a rendição do exército paraguaio, não era capaz de suster a família, cabendo à bisavó Amélia esta função.

Amélia cultivava diversas espécies flores e as revendia na época de finados, conseguindo ajudar no sustento da família desta maneira. Também era quituteira, cozinhando diversos salgados e pastéis, que os filhos, inclusive vô Marcírio, desde muito cedo os vendiam pelas ruas em balaios.

Muito jovem, Marcírio foi trabalhar como empregado em forte comércio de campanha no interior do Alegrete - localizado nos campos do tradicional fazendeiro João Jorgens. Neste "mercadão" de campanha, vovô trabalhou no balcão, atendendo os fregueses durante anos, atribuindo-se à estes anos o tino comercial que viria demonstrar tempos depois, como biscate.

Crescimento econômico e o encontro com vovó "Sinhá"

Ainda muito jovem (antes dos 22 anos), Marcírio abandona o emprego no mercadão, compra uma carroça "toldada" e passa a peramabular como biscate nas fazendas, vendendo de tecidos, cigarros e erva a toda a sorte de miudezas, especiarias e vícios.

Visitando comercialmente a fazenda Estrela, na localidade do "Rincão dos Vargas", no Alegrete, de propriedade do futuro vovô materno Antônio Ulysses Pahim, conhece uma de suas filhas e futura esposa, ainda menina, de nome Ecilda, e apaixonam-se, iniciando o namoro.

Curiosidades

A família da noiva era contra o namoro, dado a origem humilde do pretendente. Uma oposição ferrenha e radical era exercida, especialmente por Maria Abreu de Medeiros Pahim, mãe de Ecilda e nossa bisavó.

Desta maneira, as correspondências (tradicional forma de namoro da época) entre os jovens enamorados era feita através de bilhetes escondidos embaixo de uma pedra.

Com o passar do tempo, o pai de Ecilda, Antônio Ulysses, percebendo no jovem Marcírio um homem trabalhador e de tino comercial, aprova o namoro. O casamento ocorre na data de 18/03/1918, o noivo aos 22, e a noiva com apenas 17.

Recém casados

Casados, vovô Marcírio e vovó "Sinhá" estabelecem comércio atacadista na então Vila de Manuel Viana, 3º distrito de São Francisco de Assis, onde fixam residência por longos anos, construindo casa e dando vida aos 13 primeiros filhos do matrimônio, de Tia Maria ao Tio Eugênio. Ali ficam até o ano de 1931.

A transferência para o Cerro Agudo


Tio Alfeu e família, por ocasião de seus 80 anos (2012), revisitando Cerro Agudo, onde nasceu
A epopéica e histórica transferência de Manuel Viana para a fazenda Cerro Agudo, em Santana do Livramento, foi muito bem ilustrada por Ana Severo neste CONTO. Foi uma viagem de 14 dias, de carreta, acampando na margem dos arroios e dormindo embaixo dessas carretas, estando vó Sinhá grávida de tio Alfeu e amamentando tio Eugênio, acompanhados de gado, galinhas, ovelhas e porcos.

Estabeleceram-se na fazenda arrendada Cerro Agudo, em Santana do Livramento, onde nasceram os próximos 4 filhos. 

Após alguns anos, arrendam e mudam-se para a fazenda Cambará, às margens do Rio Cati, entre Livramento e Quaraí. Mais alguns anos e faz-se a transferência para a cidade do Alegrete, abandonando-se as lidas campeiras pelas urbanas, estando vovó gestante da última filha, tia Madalena, e em pleno conflito matrimonial com vovô Marcírio.

Mas isto é história para outro post...

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Carta-testamento - POST 23

Em bronze, esta é carta-testamento do ex-presidente Getúlio Vargas, por ocasião do seu suicído, em 1954. Localizada na praça Barão do Rio Branco.




Tio Vicente



Semelhanças

Veja a impressionante semelhança entre o primo Mário Brites Filho (neto do segundo casamento) e o Vô Marcírio. Foto cortesia da prima Márcia (irmã de Mário).



domingo, 16 de fevereiro de 2014

Tio Alfeu declamando um soneto


Significado de "BRITES"

Texto cortesia da prima Márcia Brites, neta do segundo casamento do Vô Marcírio:

Copiado da comunidade do Orkut:
Significado de "BRITES"
ORIGEM DO NOME BRITES
Qual a origem do nome Brites: ANGLO-SAXÃO
SIGNIFICADO DE BRITES
Qual o significado do nome Brites: A SENSATA.
SIGNIFICADO E ORIGEM DO NOME BRITES - ANALISE DA PRIMEIRA LETRA DO NOME: B
Você sabe o que quer, e com sua determinação sempre chega lá. Está sempre muito preocupada com a situação financeira, busca segurança neste setor da vida, mesmo sendo alguém que vive em busca de prazeres. Dono de uma memória perfeita e cheio de hábitos enraizados, gosta de dividir suas experiências com alguém, especialmente com quem ama. Pode demorara a aprender as coisas, mas depois que aprende nunca mais esquece, o que torna suas lições muito profundas. Possui um lado vingativo e corre um certo risco de se tornar teimoso ou ciumento demais.

Que familiar é esse?

Essa postagem bombou no grupo do facebook. Que familiar é esse? Para descobrir a resposta, expanda o texto oculto logo abaixo da foto. Dicas: era uma criança por volta dos 5 anos, de lindos olhos azuis, e que não gostaria de estar posando para esta foto. Lembram da postagem? Quem adivinha sem antes ver a resposta?

???

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Tenis Clube Rio Branco - POST 22

Outro tradicional clube da cidade, possui vista para a ponte internacional. Completou 100 anos em 2013.

Fonte: Portal Uruguaiana

Casarão dos Barbará - POST 21

Belíssima residência construída em 1913, por Miguel Barbara, comerciante imigrante da Argentina, que instalou-se nesta cidade. Essa belíssima construção fica bem em frente à Ponte Internacional Augustin Justo-Getúlio Vargas. Tombado pelo patrimônio histórico.

O casarão já foi bistrot e boate. Atualmente é a sede de uma escola de samba

Despedida de Manuel Viana, por Ana Severo

Despedida em Manuel Viana

Ana Severo (com sua devida permissão)

(Este conto, ainda por ser revisado, é uma ficção a partir das memórias de Maria Brites Jacques e Alfeu Paim Brites, a respeito de episódios da vida de sua família. A literatura se vale da história mas a verdade está na cabeça e no coração de cada um que viveu aqueles tempos distantes do início do século XX. Não tenho a pretensão de traduzir o que realmente aconteceu, ainda que busque, na medida dos relatos existentes, alguma verossimilhança. Desde já me desculpo com essa valorosa família pelas eventuais falhas de uma escritora cheia de fantasias. Comprometo-me a alterar os nomes, quando for à publicação)

Vida de mulher é cuidar de criança, obedecer e lavar roupa, resmunga Ecilda em voz baixa, enquanto troca as fraldas de Eugênio, seu décimo segundo filho. Será que um dia isso vai mudar? O que adiantou registrar a casa em meu nome se vendeu sem me consultar? De pedra alisada, a cozinha bem ampla, cheia de luz, uma varanda para receber os amigos ao som das águas que correm rio abaixo, tudo o que sonhei. Perdido no buraco em que entrou o Banco Pelotense, ano passado. Nunca confiei muito nesta estória de banco. Acabam ficando com o dinheiro da gente. Por que meu marido é tão teimoso, meu Deus? Vendeu a casa e depositou todo o dinheiro no tal banco. Pensa a esposa de Marcirio Brittes, um audacioso homem para quem negociar faz parte do jogo da vida. Lembra a explicação do marido, afastando-lhe as esperanças de evitar a mudança da vila que tanto amava para viver em Santana do Livramento: 

- Ecilda, dinheiro parado não rende. Já não alugamos outra casa para morar, grande como querias? Vou arrendar terras lá para as bandas de Santana. O nosso gado não cabe na Fazenda das Tarimbas, preciso de um campo maior para povoar. Explicou o negociante à esposa, ainda inconsolada. E de mais a mais, isto não é assunto de mulher, completou o homem, dando o assunto por encerrado. Tá te faltando alguma coisa? 

O casamento fora no longínquo 18 de março de 1918, aniversário da noiva, que então completava 17 anos. Que melhor presente pode ter uma moça do que um bom casamento? Diziam as tias à mãe, que misturava a alegria de casar uma filha, com a nostalgia de perdê-la do seu convívio. Antônio Ulisses Paim, pai de Ecilda, emprestou 20 contos para o casal iniciar a vida com um armazém de secos e molhados em São Francisco de Assis. Reconhecia no genro a inteligência e ousadia para o comércio. Não era rico, mas faria dinheiro e nada faltaria para sua filha de olhos cor da água, cabelos de mel e doce cantar. O Passo Novo do Ibicuí é um excelente local para o estabelecimento, incentivava o sogro. 

- As carretas e cavaleiros que passam no caminho das Missões para a Fronteira se abastecem ali na ida e na volta, onde atravessam o rio pela balsa. O povoado é próspero. Foi elevado à vila há dois anos, levando o nome do intendente Manuel Viana, o senhor não sabia? E só tem um bolicho muito pouco sortido, completava Marcirio, entusiasmado. 

Desde então, o casal vive no pequeno povoado à beira do rio que um dia fora a demarcação sul das terras missioneiras. Batizado com o nome de Ibicuí pelos tapes, água do pó da terra, por séculos viveram ao norte os guaranis, ao sul, os charruas e minuanos. A areia branca daquelas margens, testemunha de sangrentas batalhas, ainda traz o gosto sofrido de lágrimas das índias de cá e lá. O pacato povoado presenciara a marcha em êxodo de milhares de guaranis rumo ao Uruguai, lentos passos resignados com a triste sina. Em carros de boi carregavam com devoção as imagens de santos esculpidos que um dia ornamentaram suas 

1 Este conto, ainda por ser revisado, é uma ficção a partir das memórias de Maria Brites Jacques e Alfeu Paim Brittes, a respeito de episódios da vida de sua família. A literatura se vale da história mas a verdade está na cabeça e no coração de cada um que viveu aqueles tempos distantes do início do século XX. Não tenho a pretensão de traduzir o que realmente aconteceu, ainda que busque, na medida dos relatos existentes, alguma verossimilhança. Desde já me desculpo com esta valorosa família pelas eventuais falhas de uma escritora cheia de fantasias. Comprometo-me a alterar os nomes, quando for à publicação. 


imponentes igrejas. No coração, a esperança de construir novos templos em terras do país vizinho. Era então 1828, noventa anos antes do casal Brittes iniciar sua família. 

Marcirio gosta de ouvir as muitas estórias contadas pelos bugres ao redor do fogo. Impressiona-lhe o espírito indômito dos charruas e a capacidade de trabalho dos guaranis. Domam cavalos como ninguém. Estes índios, constata, parecem conversar com os animais. Um de seus carreteiros, dizendo-se descendente do lendário cacique Vaimaca Peru que ali vivera por alguns tempos, contou em detalhes a emboscada que seu povo sofrera em Salsipuedes, dizimados pelo então presidente da República Oriental, Fructuoso Rivera. Traição é um pecado capital, no código do jovem Marcirio. Sabe que os índios eram ferozes com os estancieiros da época, mas por que não combater como homem? Talvez por ser ele mesmo um guerreiro, filho de combatente paraguaio, para o comerciante, pior morte é não lutar pelo que se acredita, frente a frente, olho no olho. 

A mulher e os filhos se arrumam com roupas de domingo para a despedida dos tantos amigos em Manuel Viana. No dia seguinte, sairiam em carretas rumo à Estância do Cerro Agudo, em Santana do Livramento. Ordena às filhas mais velhas, já prontas, que auxiliem as menores a prenderem os cabelos. Quer todas limpas, bem vestidas, ninguém escabelada, parecendo uma china. Maria, a quinta filha do casal, aperta as tranças da irmã Cecy: 

- Você não quer ficar bonita? Argumenta a pacienciosa mana ainda impúbere, tentando acalmar a levada menina de olhos curiosos. 

- Branca, vai olhar na cozinha se a galinhada está como teu pai gosta. Sabes que ele é exigente! Ordena a mãe, pesada por uma gravidez avançada. 

- Não aguento mais tanta galinha, mãe. Por que não tem mais ovelha nesta casa? Argui o guloso Vicente, entrando na sala de bombachas e botas sujas de barro. Roupa de homem. O pai fazia questão de vestir os guris tão logo tiravam as calças curtas. 

- E não sabes que vamos levar o gado para o Cerro Agudo? Papai disse para matar todas as galinhas, difícil de carregar na viagem. Explica Branca, a primogênita, já se comportando com autoridade de moça. Vê lá se tira estas botas sujas daí, guri! Depois eu que tenho que limpar tua porcaria. 

Em 1932, Ecilda espera o décimo terceiro filho. Por ela, não sairiam mais do Passo Novo do Ibicuí. No princípio, fora difícil viver longe da família e das facilidades que tinha no Alegrete, terra onde nasceu. Trabalhara ombro a ombro no comércio junto com Marcirio. Mas a lida não mete medo na ardência da juventude. Não raro, o marido saía por vários dias levando mostruários de estância em estância por aquele pampa sem fim e a esposa atendia a loja com igual desenvoltura, qualquer fosse a mercadoria desejada pelo freguês. Vendiam de tudo um pouco, sacos de farinha, sal, erva mate, arroz, tecidos, sapatos, arames farpados, facas, panelas de ferro, tudo que se possa precisar nesta vida. Moça prendada, ainda engordava os ganhos vendendo bombachas que costurava. 

O sogro não se enganara, Marcirio tinha mesmo faro e la plata parecia correr para suas mãos. Astuto, percebeu que ao invés de voltar das entregas com suas carretas vazias, poderia trazer das fazendas couro e ossos. Próxima ao armazém, abriu uma casa de couros silvestres, que vendia para os vários curtumes do estado. Não era homem de ficar sentado no conforto da lareira. O fogo tinha dentro dele. Em viagem a Porto Alegre, descobriu uma indústria de louças que usava ossos como matéria-prima. Acertou a entrega por trem, que passava na estação do Passo Novo, do outro lado da vila. Os ganhos iam crescendo. Assim como a família. 


Os rebentos nasceram, ano a ano, parideira que era a moça. Aos poucos, Ecilda deixou de ajudar o marido no comércio, envolvida no cuidado da casa e das crianças. Estava ora grávida, ora amamentando. A parteira Manuela Sete Saias tornou-se próxima da família, tantos bebês Brittes deram o primeiro sopro de vida em suas mãos miúdas e experientes. Seu Marcirio acostumou-se às conversas da mestiça. Dizendo que estava nos seus últimos dias, volta e meia entrava no armazém pedindo uns metros de tecido para a saia do enterro. Rindo, o homem dava os panos com gratidão, alertando que morrer isto só depois de auxiliar seu último filho a ver a luz do dia. Lá fazia ela outra saia, usando uma em cima da outra num peculiar figurino. 

As gestações não furtaram a beleza da Senhora Paim Brittes. Ao contrário, é ainda mais atraente do que fora quando recém-casada. Os seios fartos, ancas largas, quadris arredondados, caminhar firme, o olhar que combina um ar misterioso, força e doçura numa pessoa só. Como um símbolo, nunca descuidou de passar babosa para amaciar os cabelos. Pentear-se era um ritual, afastava-se momentaneamente dos encargos de mãe e dona de casa e deixava Afrodite tomar conta de seu espírito. Vaidosa, fazia vestidos, que adaptava nas idas e vindas de sua cintura, segundo os últimos modelos da revista Fon Fon, que o esposo trazia das viagens. 

Subiu o cumprimento dos vestidos, baixou a cintura, cortou os cabelos a la garçonne e encomendou da capital um chapéu cloche, que enterrava até os olhos, obrigando-a a um suave levantar do queixo. A moda sugere posição levemente questionadora, as mulheres não mais aceitam o olhar baixo da submissão milenar. Isto talvez lá em Paris ou no Rio de Janeiro. Na casa dos Brittes, não se mistura lugar de mulher e de homem. Trajada com o seu melhor vestido, faixa amarrada abaixo da pronunciada barriga, desenha vagarosamente o batom carmim em seus lábios e com um lápis as sobrancelhas. Olha os filhos de cima a baixo e sai com os rebentos em fila, despedindo-se dos amigos que fizera em 14 anos vivendo naquela querência. 

Visita os Cortes da Silva, os Marques, os Saldanha, e tantos outros. Em cada casa, uma estória dos tempos vividos juntos. Choros e abraços apertados. O padre recorda o auxílio que a família dera para a construção da capela. A vizinha emociona-se lembrando da quermesse: as moças enfeitadas com diademas, os homens de terno e gravata, as senhoras de chapéu e as crianças correndo. Os doces de frutas que fizemos... A comadre lembra o nascimento de Branca, linda e alva como a mãe. Ecilda sente o coração apertar. A saudade antecipada tira-lhe o fôlego. 

Maria nunca vira sua mãe chorar tanto. Nem com as dores do parto dos irmãos, nem quando tiveram que sair da casa de pedra. Já na sua cadeira de descanso, a mulher senta-se cansada e com o olhar distante. As lágrimas escorrendo-lhe pelo rosto. A filha percebe a tristeza da genitora. Corre para o pátio e colhe umas folhas de laranjeira. 

- Mamãe, fiz para a senhora este chá de laranjeira. Vai lhe fazer bem. 

Ecilda sabe que o marido tem o gualicho, o feitiço dos Pampas. Não nascera para fincar raiz, mas para correr o mundo. Nada tinha a fazer, senão acompanhar. O feitiço dela era o do amor.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Clube Comercial - POST 20

O prédio do Clube Comercial foi inaugurado em 1893, e é uma réplica da biblioteca pública de Varsóvia. Foi tombado pelo patrimônio histórico em 1987, e está localizado em frente à Praça Barão do Rio Branco, no centro histórico de Uruguaiana.




Trajetória da Família Brit(t)es, por Guilherme Jacques

Outra belíssima pesquisa, desta vez realizada pelo primo Guilherme Jacques.


Uruguaiana, por Carpinejar

Crônica de Fabrício Carpinejar, publicada na ZH de 25/12/2013.

ZORRILHO


Viajava de carro com a família. Meu filho me questionou que cheiro era aquele na estrada.
Era de zorrilho.

– Mas é ruim, né? – ele comentou.

Não achava ruim, apesar de surgir quando o bichinho se sentia ameaçado e em perigo.

Eu me alegrava com o cheiro. Significava que entrava em Uruguaiana. Finalmente vencia os 650 quilômetros de chão.

Abria os vidros para que o vento me trouxesse a lufada característica de ingresso na cidade, o odor vinha envolvido com o sol da manhã batendo nas plantações de arroz ao fundo.

A raposinha era o primeiro aviso que desceria em Uruguaiana. Meu pórtico emocional.

Minha infância voltava intacta com a nuvem do olfato: atravessar os trilhos do trem no inverno, quebrar o gelo do percurso de ferro até a escola União; tirar com os dedos a cal dos muros do Clube Ferro Carril; beber chimarrão na Praça Barão do Rio Branco com pipoca doce; acompanhar o desfile na Avenida Presidente Vargas.

O pai me levava para assistir à Califórnia da Canção. Funcionava como fonoaudiologia para mim. Sofrendo sérios problemas de dicção, ele me convidava para acompanhar as finais, pois consistia no único momento em que não tinha vergonha, perdia a timidez e cantava alto junto com milhares de pessoas. Eu, que mal falava, cantava no festival. Somente cantava em Uruguaiana. A calhandra de ouro morava em meus olhos.

Sempre o zorrilho como carteiro. Sempre o zorrilho oferecendo as boas-vindas.

Podia ser um cheiro ruim, mas era o cheiro de minha meninice. O cheiro de minha esperança. O cheiro de estar em família.

Era o cheiro da fronteira, da possibilidade de ouvir espanhol em Paso de los Libres e misturar idiomas.

Era o cheiro de minha solidão. Quando desistia de perguntar para a mãe se estávamos chegando e tentava descobrir pela paisagem.

Era o cheiro da cumplicidade. Os adultos não me poupavam de nenhum assunto, me reconheciam como homenzinho para falar de coisas sérias e de negócios.

Era o cheiro da amizade, quando conversei pela primeira vez com um cavalo.

Era o cheiro da minha independência, quando troteei pelas coxilhas sem ninguém me acompanhando.

Era o cheiro da diversão, quando colhia as bolinhas de soja caídas do vagão para arremessar nos colegas.

Era o cheiro de que não vivi em vão, de que me lembrava o quanto jamais deixei de ser um menino feliz. Feliz porque aprendi a repartir minhas tristezas em Uruguaiana.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Belíssima pesquisa do primo Toni Prates

EDITADO: recebemos amável contato de Leonel Brites, citado no texto abaixo. Na realidade, esta personalidade com o sobrenome Brites não é português, e sim brasileiro de São Paulo, e como esportista teve outros feitos além do balonismo, foi campeão paulista e brasileiro de hóquei sobre patins, campeão brasileiro de balonismo e também alpinista com várias expedições à Antártida. Consta, ainda, que seus avós eram de Paredes da Beira, Portugal, de onde vem seu sobrenome. Se algum dos familiares tiver conhecimento da ligação da nossa família com esta cidade portuguesa, peço a gentileza de manifestar-se. Muito obrigado pelas correções, Leonel, e seja bem vindo!



Brites (fonte: Wikipédia francesa / tradução: Antonio Prates)

Sobrenome português, encontrado hoje também no Brasil e em todo o mundo lusófono.

Origens do nome

O nome Brites é de origem celta, derivada de brig- / brigo- / briga, que significa "grande", "elevado" ou "eminente". Supõe-se que tenha surgido a partir do nome da deusa Brigit / Brigantia. Seria equivalente, em sua forma antiga, a Béatrice, Brigitte ou Bridget. Originalmente um prenome nome feminino de uso comum na Idade Média, era freqüentemente encontrado nas genealogias dos fidalgos, a nobreza militar de Portugal. Uma das heroínas da guerra luso-espanhola de 1383-1385 é a modesta, apesar de famosa, Brites de Almeida, figura popular, mais conhecida pelo apelido de "a Padeira de Aljubarrota”.

O prenome Brites assumiu modernamente as formas Beatriz e Brigitte, tendo sua forma arcaica entrado em lento declínio até desaparecer completamente das genealogias nos séculos XIX e XX. 

O prenome Brites hoje é virtualmente inexistente e sobrevive atualmente apenas como nome de família ou sobrenome, provavelmente por derivação. Quase certamente foi utilizado pela primeira vez como uma alcunha, por referência a uma antepassada (ou outra figura familiar), prestigiada ou muito amada. Esta prática era difundida antigamente em Portugal, onde o uso de um nome de família era um privilégio que distinguia os indivíduos livres dos escravos (como era também usual na Roma antiga).

O sobrenome Brites provavelmente se consolidou antes do final do século XIX como nome da família, a partir de atos de estado civil (ou atos paroquiais), quando o uso do sobrenome se tornou obrigatório. Atualmente, o sobrenome é particularmente comum no distrito de Leiria, em Portugal (talvez o local de nascimento original da família). Provavelmente em função das grandes ondas de emigração portuguesa, que tiveram lugar a partir do século XV, o sobrenome se difundiu em quase toda a Europa, e também na América Latina (Brasil, Argentina... e Venezuela), na África lusófona (Angola e Moçambique) e, em menor medida, na Ásia (Timor).

Fora de Portugal, o nome Brites assume, por vezes, as formas alternativas "de Brites" ou "Brittes". A primeira variante reforça a idéia de que este era originalmente uma alcunha de referência a uma antepassada ("de" aqui significa "filho ou filha"), para marcar a relação de parentesco. A segunda variante sugere que ele já era usado antes das grandes reformas ortográficas que ocorreram no século XIX e início do século XX.

Personalidades contemporâneas com o sobrenome Brites:

• Ailson Brites (brasileiro, professor e campeão mundial de jiu-jitsu)

• Claudio Brites (escritor brasileiro)

• Eurico da Silva Brites Baltazar (coronel e comandante do Exército Português em 1941)

• Fausto Brites (jornalista brasileiro, perseguido por expor o escândalo ecológico Lixogate em 1999)

• João Brites (artista e diretor português, Comendador da Ordem de Mérito desde 1999)

• João Brites (mestre carpinteiro português, em meados século do XX)

• Leonel Brites (desportista português (paulista - vide edição no cabeçalho), bicampeão de pilotagem em balão a ar quente em 1992)

• Luciana Brites (bailarina, atriz e coreógrafa brasileira)

• Maria Carolina Brites e Mateus (cantora e violonista, uma das fundadoras do grupo Velocette)

• Maria José Brites (jornalista português, professor da Universidade Lusófona do Porto, especialista em jornalismo legal)

• Zé Brites (jornalista e apresentador brasileiro)

A Vila Brites

Você conhece?



Mais fotos do tio Marcírio

Tio Marcírio jovem, cortesia do tio Alfeu

Tio Marcírio

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Mais fotos raras do Vô Marcírio

Fotos raríssimas, cortesia do tio Alfeu.

Vô Marcírio embarcando no avião do amigo Ignácio, 1952

Vô Marcírio

Tia Ecilda enamorada

Tia Ecilda namorando com Tio Larré

Cronologia do tronco e dos descendentes diretos



Marcírio (01/jul/1896), nascido em Uruguaiana
Ecilda (18/mar/1901), nascida em Alegrete


1. Branca (23/fev/1919)

2. Vicente (20/dez/1919)

3. Delmar (10/jan/1921)

4. Ulysses (24/dez/1921)

5. Maria (14/dez/1922)

6. Manuel (23/out/1923)

7. Amélia (05/dez/1924)

8. José (13/fev/1926)

9. Cecy (07/mai/1927)

10. Cely (22/jun/1928)

11. Therezinha (09/ago/1929)

12. Eugênio (29/out/1930)

13. Alfeu (17/Nov/1932)

14. Samuel (11/set/1934)

15. Marcírio (18/dez/1936)???

16. Maria Ecilda (14/abr/1937)

17. Helena (27/jan/1939)

18. Madalena (16/set/1940)

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Bella Unión - POST 19

A cerca de 70 km de Uruguaiana, Bella Unión é uma cidade do departamento de Artigas no UruguaiEstá localizada no vértice noroeste do departamento e recebe este nome dado que se encontra na fronteira com o Brasil e Argentina.

Faz divisa com a cidade de Barra do Quaraí, no Rio Grande do Sul e com a cidade de Monte Caseros na Argentina. É banhado pelos rios Quaraí e Uruguai.

Bella Unión foi protagonista de um forte desenvolvimento com base na exploração da cana de açúcar e de diversos produtos de origem hortícola (legumes, hortaliçass, arroz, etc.).

Atualmente entrou em uma grave crise e passou a ser uma das regiões com maiores problemas econômicos e sociais do Uruguai.

Por outro lado, nos últimos anos, tem se tornado parada obrigatório para o turista brasileiro, a partir da declaração como zona franca e a consequente abertura de freeshops, entre os quais destacam-se o Duty Free Americas e o Neutral.




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