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quinta-feira, 20 de março de 2014

Jorge Louco - a poesia do primo Bira

Quando tinha quinze anos, escrevi uma poesia sobre o Jorge Louco!

Tio Jaques, gostou muito e a presenteei!

Extraviou-se, então resolvi escrever a versão II, quentinha, lá no plantão do São Pedro noite passada.


Abraço, Bira


Jorge Louco II

(Halley)*



E depois de tanto tempo

só me ficou na memória,

O dia que uma história

Escrevi em verso rimado

E agora estou animado

Com a ideia do Toni Prates,

O original, dei pra o tio Jaques,

Eu tinha só quinze anos,

Desculpem, se deixo enganos

Que se perderam no vento.



Tenho vivo na lembrança....

Na chuvarada ou na seca

La vinha a velha carreta

Até em cima de lenha,

Os bois entendendo a senha,

Ahhh, ahhh, ahhh, angico, colorado..

num canto desafinado

obedecendo a picanha

nem mesmo faziam manha

e nenhum canzil balança!



Com seu machado, um adorno

Cortar o mato era um upa

Bolacha e café na garupa

lhes garantia o sustento,

Com sol chuva ou vento

Combustível não faltava

Pro fogo que se ajeitava

No galpão ou na cozinha

E que cheirinho que vinha

dos pães assados no forno.



E quando a seca chegava,

Cumpria-se o mesmo ritual,

Pois este xiru Bagual

não deixava faltar água

A memória não apaga

De vê-lo encher o Barril

Sem mesmo usar funil,

Bem do lado da cozinha

A bebida bem fresquinha

Que nossa sede matava.



E na escolha dos amigos

Tinha gestos diferentes

Os amigos e os parentes

Aos quais era apegado

De surpresa eram tomados

ao receber de supetão

Uma cebola ou um pão

Confirmando a amizade

Como promessa de padre

E como dever cumprido



E quando a seu juízo

O governo ia mal

Tornava-se bem formal

E ditava uma carta

Com letra redonda e farta

De alguém que Ele confiara

Chamava a Dona Juçara

E dava conselho aberto

E hoje sei, tudo era certo

Teríamos menos prejuízo



Falava com o Presidente

Usando o pronome exato,

me surpreende e lhes relato

citava as preocupações

com a natureza, os peões,

a até com a reforma agrária

e sua idéia era contrária

à monocultura, e o imposto

e a migração a contra gosto

Pra os “amontoados” de gente.



A saudade que eu senti

Pelo tempo pela vida

Com uma risada sentida

Querido Jorge nosso irmão

Não confirmo a previsão

Que fizestes em minha infância

De capitão ser ordenança

Mas fica em minha lembrança

Tua amizade teu gesto

E escrevo este manifesto

Que eu dedico pra ti



Fiquei pensando um pouco

Que eu até tive sucesso

Analiso, observo e meço

O caminho que tomei

Por isso não me alistei

Fugi das forças armadas

Fui servir noutra parada

Sem fugir do sacrifício

Fui servir a um Hospício

Lotado de Jorges Louco!


*Pseudônimo de Ubirajara Brites.

5 comentários:

  1. Meu querido sobrinho BIRA, você quase me faz chorar. Teus lindos versos me levam a voltar anos atrás. Convivi com o jorge louco na minha adolescência. Era louco sim, mas bem inteligente.
    Mas tinha as suas crises e quase matava a gente, de medo desse gerente. E não existia igual fazenda do MARCIRIO BRITES.

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  2. Rebeca foi um email antigo.e não consigo me livrar. quem puder eu peço ajuda pra me livrar desse mal.
    Sou a helena brittes.

    ResponderExcluir
  3. Bela poesia e lembranças que jamais esqueceremos de quem amamos e queremos bem. Parabéns!!!
    Carlos Eugenio Brittes ( Kiko )

    ResponderExcluir

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