Já publicamos parte da história da família AQUI e AQUI, sob outros ângulos. Hoje, contaremos um pouco do histórico de vovô Marcírio, antes do casamento com vovó Ecilda "Sinhá". O texto é adaptado de depoimentos colhidos com tio Alfeu.
O Início
Marcírio Borges Brittes (que assinava sem o Borges e somente um "T" por escolha própria), filho do Tenente-Coronel do exército paraguaio Salustiano e de Amélia, nasceu na localidade de Capela do Ipané (interior de Uruguaiana - João Arregui) em 1896.
Os pais de Marcírio, nossos bisavós, compraram 1/2 quarteirão de terras na cidade de Alegrete, localizadas próximo onde hoje se encontra o cemitério da cidade.
Com o passar dos anos, os negócios não iam bem e a família, formada por numerosos filhos, ficou empobrecida.
Pais e família de vô Marcírio |
Tempos difíceis
O Tenente-Coronel Salustiano, reformado e incapaz de exercer quaisquer outras atividades que não as militares após a rendição do exército paraguaio, não era capaz de suster a família, cabendo à bisavó Amélia esta função.
Amélia cultivava diversas espécies flores e as revendia na época de finados, conseguindo ajudar no sustento da família desta maneira. Também era quituteira, cozinhando diversos salgados e pastéis, que os filhos, inclusive vô Marcírio, desde muito cedo os vendiam pelas ruas em balaios.
Muito jovem, Marcírio foi trabalhar como empregado em forte comércio de campanha no interior do Alegrete - localizado nos campos do tradicional fazendeiro João Jorgens. Neste "mercadão" de campanha, vovô trabalhou no balcão, atendendo os fregueses durante anos, atribuindo-se à estes anos o tino comercial que viria demonstrar tempos depois, como biscate.
Crescimento econômico e o encontro com vovó "Sinhá"
Ainda muito jovem (antes dos 22 anos), Marcírio abandona o emprego no mercadão, compra uma carroça "toldada" e passa a peramabular como biscate nas fazendas, vendendo de tecidos, cigarros e erva a toda a sorte de miudezas, especiarias e vícios.
Visitando comercialmente a fazenda Estrela, na localidade do "Rincão dos Vargas", no Alegrete, de propriedade do futuro vovô materno Antônio Ulysses Pahim, conhece uma de suas filhas e futura esposa, ainda menina, de nome Ecilda, e apaixonam-se, iniciando o namoro.
Curiosidades
A família da noiva era contra o namoro, dado a origem humilde do pretendente. Uma oposição ferrenha e radical era exercida, especialmente por Maria Abreu de Medeiros Pahim, mãe de Ecilda e nossa bisavó.
Desta maneira, as correspondências (tradicional forma de namoro da época) entre os jovens enamorados era feita através de bilhetes escondidos embaixo de uma pedra.
Com o passar do tempo, o pai de Ecilda, Antônio Ulysses, percebendo no jovem Marcírio um homem trabalhador e de tino comercial, aprova o namoro. O casamento ocorre na data de 18/03/1918, o noivo aos 22, e a noiva com apenas 17.
Recém casados
Casados, vovô Marcírio e vovó "Sinhá" estabelecem comércio atacadista na então Vila de Manuel Viana, 3º distrito de São Francisco de Assis, onde fixam residência por longos anos, construindo casa e dando vida aos 13 primeiros filhos do matrimônio, de Tia Maria ao Tio Eugênio. Ali ficam até o ano de 1931.
A transferência para o Cerro Agudo
Tio Alfeu e família, por ocasião de seus 80 anos (2012), revisitando Cerro Agudo, onde nasceu |
A epopéica e histórica transferência de Manuel Viana para a fazenda Cerro Agudo, em Santana do Livramento, foi muito bem ilustrada por Ana Severo neste CONTO. Foi uma viagem de 14 dias, de carreta, acampando na margem dos arroios e dormindo embaixo dessas carretas, estando vó Sinhá grávida de tio Alfeu e amamentando tio Eugênio, acompanhados de gado, galinhas, ovelhas e porcos.
Estabeleceram-se na fazenda arrendada Cerro Agudo, em Santana do Livramento, onde nasceram os próximos 4 filhos.
Após alguns anos, arrendam e mudam-se para a fazenda Cambará, às margens do Rio Cati, entre Livramento e Quaraí. Mais alguns anos e faz-se a transferência para a cidade do Alegrete, abandonando-se as lidas campeiras pelas urbanas, estando vovó gestante da última filha, tia Madalena, e em pleno conflito matrimonial com vovô Marcírio.
Mas isto é história para outro post...
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