* Por tio Alfeu Paim Brites
O Coronel Salustiano Brites radicou-se no território do município de Uruguaiana no ano de 1865. Como integrante do Exército Paraguaio, comandado pelo general e ditador paraguaio SOLANO LÓPEZ, por ocasião da Guerra do Paraguay contra os países da Tríplice Aliança, a saber: Império do Brasil, República Argentina e República Oriental do Uruguay, uma forte facção do exército paraguaio, composta de quase 6000 soldados, invadiu, saqueou e sitiou, via São Borja, a então Vila de Uruguaiana.
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General paraguaio Francisco Solano López |
Posteriormente os invasores foram sitiados pelas forças dos três países aliados, por terra e água. Comandou as forças navais o então Capitão FLORIANO PEIXOTO. Anos depois, no posto de Marechal, eleito presidente do Brasil.
Com o implacável cerco da Vila de Uruguaiana, após inúmeras tratativas, no dia 18 de setembro do ano de 1865, no lugar denominado "Coxilha da Tríplice aliança", as forças paraguaias, evitando dizimação e derramamento de muito sangue dos seus compatriotas, renderam-se, desfilando toda a tropa frente aos chefes de estado dos três países aliados: Imperador Dom Pedro II, General Flores, presidente do Uruguai e General Mitre, presidente da Argentina.
Condições do Armistício
Comandava a facção do exército Paraguai o coronel Estigarríbia, massom.
Como condição da rendição, foi imposto aos militares paraguaios não voltarem mais ao Paraguai, eis que reforçariam as colunas das forças paraguaias.
Depondo as suas armas, com a ressalva dos oficiais superiores permanecerem com suas espadas, poderiam escolher os territórios de qualquer dos três países aliados para fixarem residência.
Permanência do Cel. Salustiano Brites em Uruguaiana
O coronel paraguaio Salustiano Brites, grafia antiga BRITTZ, fixou-se em Uruguaiana. Aqui, casou-se com a srta. AMÉLIA DA SILVA BORGES, avó paterna dos irmãos Brites, falecida em Alegrete, filha de fazendeiros que eram proprietários de uma fazenda em Uruguaiana, localidade de Capela do Ipané, antigo 4º distrito de João Arregui.
Anos depois, já com muitos filhos e filhas, um filho do famoso chefe político, Cel. Neco Costa, então proprietário da Fazenda "35", no silvestre, município de Alegrete, que tinha sob seu comando uma tropa de jagunços degoladores, próceres do Gen. Flores da Cunha, então intendente de Uruguaiana e do Dr. Borges de Medeiros, então presidente do Estado do Rio Grande do Sul, dito filho de Neco Costa desonrou uma(s) filha do casal, Cel. Salustiano Brites e Amélia Borges Brites.
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Oficial brasileiro e prisioneiro paraguaio, 1865. A Prática da degola era comum |
Para lavar a honra da família evitar luta sangrenta com os jagunços do Del. Neco Costa, a família Brites vendeu tudo o que possuía em Uruguaiana e transferiu-se para a cidade de Alegrete. Lá não reinvestiu o capital com suas vendas nesta cidade e terminou seus dias muito pobre. Possuía o total de dezoito (18) filhos legítimos.
Depoimento confirmando os fatos aqui registrados
O irmão e tio Alfeu Brites, autor desta biografia do avô, Cel. Salustiano Brites, relata que não conheceu em vida seu avô paterno.
Porém, quando ainda menino, com dez ou doze anos de idade, periodicamente visitava sua avó paterna, Amélia Borges Brites, já viúva, em alegrete.
Às vezes, com certo orgulho do falecido marido, Cel, Salustiano Brites, a velhinha abria um(ns) baú gigante, muito usado pelas famílias antigas, com tampão convexo, arredondado, e tirava do baú uma(s) maleta alta, escura, aveludada, com tampa, em forma cilíndrica, e, de dentro dela tirava o fardamento do Cel. Salustiano Brites, de cor pendente a cáqui, com galões dourados, quepe, cinturão, espada, etc, e o mostrava como relíquia aos netos.
Passados os anos, falecida a avó Amélia, acredito que estas relíquias históricas, pertencentes ao coronel paraguaio Salustiano Brites, tenham ficado em poder do meu falecido irmão, Ulysses Paim Brites, tenente do Exército Brasileiro, neto e filho de criação da avó Amélia Borges Brites.
Obelisco
No final de abril (4), nesta agenda, está estampada a bela foto do OBELISCO, localizado nesta cidade de Uruguaiana, no cruzamento das avenidas Presidente Getúlio Vargas e Flores da cunha, em diagonal à Estação Rodoviária.
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Obelisco de Uruguaiana |
Simboliza e foi construído no local onde os historiadores afirmam ser a denominada "Coxilha da Tríplice Aliança", precisamente onde ocorreu a rendição do exército paraguaio invasor, na data de dezoito de setembro do ano de 1865.
Este obelisco foi construído no governo municipal do médico, Dr. Homero Tarrago, muito amigo do finado pai, Marcírio Brites, na época do governo militar do Brasil.
O relator destas linhas esteve presente na festiva inauguração desse marco histórico. Houve parada militar com banda marcial e discursos das autoridades, inclusive consulares.
Sucintamente, com algumas incorreções gráficas, fiz estes relatos.
Ao fazê-lo, como descendente consangüíneo de algumas das personagens citadas, como espírita, a medida que ia fazendo os registros, pressentia influências fluídicas no meu aparelho receptor.
Com a minha sincera e humilde homenagem a todos os que tiveram a paciência de ler o aqui escrito, expresso meu fraternal afeto.
Uruguaiana, 26.06.2000
(2ª feira)
Alfeu Paim Brites